19 março, 2007

Andrea Doria

Às vezes parecia que, de tanto acreditar
Em tudo que achávamos tão certo,
Teríamos o mundo inteiro e até um pouco mais:
Faríamos floresta do deserto
E diamantes de pedaços de vidro.
Mas percebo agora
Que o teu sorriso
Vem diferente,
Quase parecendo te ferir.
Não queria te ver assim -
Quero a tua força como era antes.
O que tens é só teu
E de nada vale fugir
E não sentir mais nada.
Às vezes parecia que era só improvisar
E o mundo então seria um livro aberto,
Até chegar o dia em que tentamos ter demais,
Vendendo fácil o que não tinha preço.
Eu sei - é tudo sem sentido.
Quero ter alguém com quem conversar,
Alguém que depois não use o que eu disse
Contra mim.
Nada mais vai me ferir.
É que eu já me acostumei
Com a estrada errada que eu segui
E com a minha própria lei.
Tenho o que ficou
E tenho sorte até demais,
como sei que tens também...

Um comentário:

  1. Eu acho que já te contei isso, mas, se não, você é exatamente para quem eu contaria.

    Tenho um conhecido que tem em casa, na sala, a coleção dos CDs do Legião lacrada com aquela fita isolante prateada, sabe?

    Quando alguém repara no estranho objeto, ele comenta:

    - Pra crescer tive que parar de ouvir. Mas não quero me esquecer...

    Acho que também fiz a mesma coisa, simbolicamente. O Legião, o rock dos anos 80, me ajudaram a me construir.

    Sou tantos desses versos... Sou quem sou porque ouvi mil vezes cada uma dessas músicas. Vivi essas coisas. Pra crescer tive que parar de ouvir. Hoje é Clara Nunes quem toca mil vezes, uns maracatus, outras brasilidades.

    Aí vim aqui ver o que você escreve. E me lembrei de mim, querendo ter alguém com quem conversar...

    Obrigada pela lembrança. Temos sorte até demais.

    Lidia

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