29 novembro, 2006

Este sou eu


"Sou o menino e o senhor;
o primeiro a brincar,
o outro sem pensar no depois.
Sou todas as flores dos imensos jardins do mundo,
das declarações apaixonadas nos portões,
nas cortinas bordadas nos varais,
entre os dedos gélidos, dentro de tristes caixões.
Sou da furia, tempestade
e a amizade que renasce a cada novo amanhecer;
se me perguntas quem sou, respondo 'não sei',
se (acenando) me perguntas a onde vou,
finjo não ouvir, sorrio e sem rumo caminho, mas sem me perder.
Sou o rapaz apaixonado pelo retrato,
a semente inerte na terra a germinar.
Espalho meus galhos, quem sabe?
E em meio a abraços, a mulher que amo um dia poder beijar.
Sou o poeta que escreve o amor,
o medroso que do escuro se esconde,
o menino a brincar de ciranda,
o fim de vida que chega ao mendigo, assusta a mulher,
é a vida do doutor.
Sou as pedras que formaram esta areia
onde seus pés, tão belos, se acomodam ao entardecer.
Sou o pôr-do-sol, inocente, vermelho.
Sou o mar que espera a lua,
o amor,
a vida,
o pescador que também espera a sereia,
o concretismo dos velhos versos,
as palavras rabiscadas no espaço infinito,
o pensamento que não vagueia.
Eu sou tudo o que quero ser,
e, ainda que nada eu queira ser,
serei eu, serei você."




Veja!

Querida, vejo os passarinhos brincando na janela,
sinta o vento soprar sua canção enquanto preparo o café, querida.
Veja! O céu está azul, as crianças estão brincando no terreno;
um tempo bom que já não nos volta mais.
Querida, venha cá: quero lhe beijar.
Lembra de quando lhe disse que te amaria eternamente
em um triste café ao sul da Espanha?
Lembra de todas as palavras que eu lhe disse
desde aquele dia até hoje
sobre o meu amor por você?
Querida, eu jamais mentí para você
e todas as palavras foram com o maior carinho que havia em mim.

Querida, veja os passarinhos a cantar na janela.
Veja nosso dia passando como um trem desgovernado
no instante em que a TV anuncia tantas coisas tristes.
Venha cá, querida, quero lhe abraçar
como um amigo, irmão, namorado,
como alguém que nem lhe conhece
mas que se encanta com a beleza do seu olhar
com a magia do seu sorriso.
Eu já lhe disse tanto, querida,
há tanto ainda a se dizer,
a ser mostrado,
tantos beijos,
tantos carinhos, tantos abraços.
Querida, veja os passarinhos que continuam, fieis, na janela.

O triste medo de amar.

Eu queria te fazer feliz.
Todos os meus carinhos seriam para você,
as rosas vermelhas e sua beleza
seriam só tuas.
Eu queria lhe fazer feliz.
Pegar sua mão e caminhar,
como uma criança ingênua, parar e olhar
a imensidão do mundo a nosso redor.
Mas não é possível, querida,
você tem medo do que é belo
medo da manifestação de um sentimento tão puro
medo de sentir algo que Deus escolheu
você para abrigar.
Você tem medo, querida e
eu só queria te fazer feliz.
Quando a chuva cai eu imagino
"onde estás?"
mas você não me vê, querida
você tem medo, você tem medo.

É tão difícil entender as coisas
como elas precisam (precisam mesmo?) ser.
Não há mais bondade nos sorrisos e
a luz no fim do túnel
parece que agora já não se acenderá mais.
São todos os caminhos de nossas vidas,
com uma oração peço que o Senhor lhe guarde
com toda a pureza de um paraíso sem fim,
toda a pureza do amor que aqui habita,
toda a sinceridade de palavras muito mais que bonitas,
e no meu sorriso, verso e melodia
eu só queria te fazer feliz.

Tantas palavras faladas,
tanto amor sentido,
tantas juras de fidelidade e hoje
o que sobrou foi a lembrança de alguém
perdida no medo de amar.
Mas o amor perdura, supera tudo isso.
O triste medo de amar.
E eu só queria te fazer feliz,
pegar sua mão e caminhar
ignorando as pessoas más ao meu redor,
tendo olhos apenas para você, óh querida.
Mas, você tem medo de amar.

E eu só queria te fazer feliz com meu amor.

21 novembro, 2006

A natureza




O céu agora tão azul, exibindo belos flocos brancos de algodão que deslizam na imensidão do infinito, não fazem mensão alguma a chuva, carrasca, que caiu agora à pouco. A chuva que molhou do menino a brincar de pega ao idoso solitário na janela, vendo as pessoas -e a vida- passarem.
Quem dera fossemos como este céu, como a mãe natureza, que tal qual uma criança que sorrí alegre após uma bronca, abre-se em tons azul celeste. Se pudéssemos ter esta calmaria, se para nós o sol pudesse nascer sempre logo após uma tempestade a vida seria tão mais bela: não haveriam tantos corpos inocentes ao chão, bombas não precisariam ser construídas para, da forma mais cruel existente, propagar o medo e o caos. Até mesmo as flores poderiam desabroxar mais vezes fora da primavera.
A natureza nos ensina a viver, nós matamos a natureza.
Nós morremos sem entender.

20 novembro, 2006

E se a hora chegar?

Já ví tanto nesta vida,
mas ainda há tanto para ser visto.
Quantas manhãs mais eu terei a graça de viver?
Será que eu verei o sol nascer amanhã?
Será que a chuva molhará novamente meus cabelos lisos e castanhos?
(que molhados tão negros ficam)
Poderei amar a pessoa que mora em meu coração?
Ouvirei minhas músicas antigas
e meus antigos livros ainda receberão minha atenção?
Não sei.
A lua no céu
me verá na varanda novamente
enquanto flerto com as estrelas?
Poderei me despedir dos -poucos- amigos?
dos -poucos- familiares?
dos companheiros de Bom Combate?
da pessoa que amo?
Poderei me arrepender dos meus pecados, Senhor?
Não sei.
Não sei.

No beco...





Sentado no beco ele olha assustado.
Ternos chiques passam por alí como se o mundo fosse acabar em poucos minutos (quem sabe?), e a brisa da manhã envolve aqueles corpos sarneados entre os jornais antigos (os jornais que dizem: o mundo vai melhorar!!). Com fome, sim, mas já não faz diferença pois, daqui a pouco, os moradores tirarão o lixo para fora. O lixo se junta ao lixo.
(essas pessoas jogam tanta coisa que poderia ser aproveitável...)
Não há tempo para pensar, é preciso vencer, na pressa, as baratas e ratos que irão dividir o banquete.

Sentado no beco ele olha assustado.
Com movimentos rápidos e profissionais ele amassa, destroi, 'dexava' a liberdade em suas mãos.
Estas meio trêmulas procuram desordenadamente um pedaço de papel -carinhosamente chamado de 'leda'- para o sossêgo. É preciso precisão cirúrgica para deixar bem apertado, não perder a magia, a mágica, a confusão e a liberdade que não se consegue nos dias de hoje por meios "lícitos".
Pronto, apertado!
O fogo que queimou bruxas no passado, serviu de arma por católicos filhos da puta fanáticos por poder; o mesmo fogo que foi usado por tantos SS em campos de concentração para dizimar os corpos inertes de judeus inocentes agora, alí, servia para dar sossego a uma alma que não tem horizontes belos, que não possui um lar que não a rua, que não possui carinho senão o dos cachorros que lhe lambem os pés. Este mesmo fogo que devora o ar para manter-se vivo também auxiliava o garoto nas suas viagens, nos seus poucos momentos de prazer no beco.
A fumaça sobe lentamente daquele que se batiza na boca de quem o usa, na boca daqueles que o usam como escape para seus inúmeros problemas. A maresia é inevitável mas o garoto não está preocupado com isso, não há com o que se preocupar.

Sentado no beco ele já não olha mais assustado. Não há o que temer, não agora.

Mais palavras

O céu parece mais limpo,
os pássaros estão entoando uma cantiga diferente,
meus livros estão limpos na estante,
os caminhos são outros, a vontade de viver também.
Há quem diga que seu céu vive nublado,
e que a ponte entre o visível e o invisível não existe.
Ora bolas, pare com isso José!
o mundo é tão grande, você tem tantos Áz nas mãos
continue jogando, querido.
Não preciso rimar,
não preciso me explicar,
você consegue, assim, me entender,
e se for difícil pra você
finja, querida. É o que mais todos
sabem fazer.

19 novembro, 2006

Vidas quentes

Sentado na varanda, ele finge estar interessado no grosso livro em suas mãos. A história não é mesmo muito empolgante, mas, para todos os efeitos, uma pessoa compenetrada em um livro sempre passa a idéia de inteligente, culto. A água na garrafinha não chegou nem na metade ainda e já está quente.
Bosta!
O calor é insuportável até mesmo para intelectuais de fim de semana.


O telefone toca, mas não é preciso se levantar para atender, saber quem é. Quem quer que seja ligará de novo mais tarde -se for importante- quando ele estiver deitado no sofá hipnotizado pela TV. 3 ou 4 metros é uma distância considerável quando se está lendo um livro grosso e importante na varanda, enquanto se toma uma água quente.

18 novembro, 2006

Caminhos I - II (Paulo Coelho)

I

Você me pergunta
Aonde eu quero chegar
Se há tantos caminhos na vida
E pouca esperança no ar
E até a gaivota que voa
Já tem seu caminho no ar
O caminho do fogo é a água
O caminho do barco é o porto
O do sangue é o chicote
O caminho do reto é o torto
O caminho do bruxo é a nuvem
O da nuvem é o espaço
O da luz é o túnel
O caminho da fera é o laço
O caminho da mão é o punhal
O do santo é o deserto
O do carro é o sinal
O do errado é o certo
O caminho do verde é o cinzento
O do amor é o destino
O do cesto é o cento
O caminho do velho é o menino
O da água é a sede
O caminho do frio é o inverno
O do peixe é a rede
O do pio é o inferno
O caminho do risco é o sucesso
O do acaso é a sorte
O da dor é o amigo
O caminho da vida é a morte...



II

Assim como
Todas as portas são diferentes
Aparentemente
Todos os caminhos são diferentes
Mas vão dar todos no memso lugar
Sim
O caminho do fogo é a água
Assim como
O caminho do barco é o porto
O caminho do sangue é o chicote
Assim como
O caminho de reto é o torto
O caminho do risco é o sucesso
Assim como
O caminho do acaso é a sorte
O caminho da dor é o amigo
O caminho da vida é a morte


Paulo Coelho. Música por Raul Seixas

17 novembro, 2006

Garatéia




Vamos ver as ondas quebrarem n'areia
e esquecer das dores de um coração partido.
Vamos festejar a passagem do ano velho,
comer muita lentilha
(sim, me disseram que é bom!!)
pular 7 ondas para Iemanjá,
deixar no passado tanta coisa bela que passou.
Lembra daquela canção, minha querida?
ela contava sobre coisas da vida
coisas que hoje já não acontecem mais
(ou estaria eu sendo muito pessimista?)
Você se lembra, querida?

Os anos vão passando
e os olhos que outrora carregavam a luz da juventude
agora começam a denunciar a escuridão da morte.
O rosto antes tão formoso,
os lábios que tão doce se mostravam nos sorrisos,
nas janelas,
hoje parecem se esconder, envergonhados.
Quem foi que dividiu o tempo em dias, meses, anos?
quem assasinou a esperança desta maneira?
É preciso aproveitar ao máximo o tempo que se tem.
Hoje é o seu aniversário, querida,
amanhã pode não ser o meu também.

Abra as cortinas
deixe o sol penetrar na pele nua repousada sobre os lençois.
Deixe o mundo recomeçar, minha querida
somos peixes fisgados por imensos anzóis.
E quando o campainha tocar,
anunciando minha chegada,
não diga que está de saída
eu posso não aparecer mais.
Nunca mais...

Enquanto você sonha em meio aos lençois
nós somos pequenos peixes fisgados
por imensos anzóis.

Nothing...

12 novembro, 2006

Viagem

I


Bom dia, o senhor aceita um cafézinho?

Era de manhã e a maioria dos passageiros daquele vôo ainda estava dormindo, enquanto a bela comissária de bordo cruzava os corredores da primeira classe com um carrinho de latão inox, distribuindo cafézinhos e sorrisos amigáveis. Estar nos ares nem sempre é uma situação confortável para todos e é necessário -sempre- ter uma pessoa preparada para inconvenientes.
Oi, bom dia. Aceito sim.
Açúcar ou adoçante, senhor?
Açúcar, por favor.
Faltávam algumas poucas horas para o vôo chegar ao seu destino e Pedro já estava contando os segundos para sentir aquele abraço novamente. Os anos distante o tornaram um homem muito mais maduro que há 6 anos atrás, quando, por falta de dinheiro e futuro sólido, resolveu se aventurar por terras distantes.
Devo lhe informar que faltam duas horas para chegarmos em nosso destino -disse a amável comissária- se precisar de algo, por favor, aperte este botão vermelho.
Obrigado, respondeu Pedro, quase perdido em seus pensamentos.
Os sessenta minutos seguintes seriam uma tortura há dez mil metros do solo...

(continua)

10 novembro, 2006

Éh né, o amor...

É tão bom gostar de uma pessoa à ponto de pensar constantemente neste alguém e reparar, invariavelmente, que estes momentos são os melhores do nosso dia... É tão bom olhar com carinho uma imagem, um retrato, um olhar que, embora distante, te enche de felicidade, ilumina seus dias, te faz ver a face oculta de Deus.

É triste às vezes não ser correspondido, mas o 'simples' fato de você querer o bem supremo para alguém, sentir vontade de carregar esta pessoa nos braços, protegê-la de todas as formas, é maravilhoso, o que de melhor pode existir no homem.

Sim, amar é bom demais.

(Ilusão? sonho? Não sei, não quero saber! prefiro sentir este sentimento puro e sagrado que há.)

08 novembro, 2006

ASCII


Estou cansado de ser vilipendiado, incompreendido e descartado. Quem diz que me entende nunca quis saber...

When I will be even so



Não chore,
não chame seus filhos,
não ligue a TV
nada estarão falando à meu respeito.
O meu trem está partindo, querida
não posso esperar mais
o último beijo será aquele no triste café
pela manhã
(pelo amanhã)
Ouça o som da locomotiva
veja!!!
a fumaça parece desenhar figuras engraçadas
no céu
no céu azul que hoje vejo pela última vez.
(pela última vez)
Querida
voce pode se lembrar das minhas palavras?
Cuide bem dos passarinhos
presos na gaiola
sem liberdade
esperando a sua vez.
Eles irão se enjoar
do mesmo alpiste
sempre
toda hora
mas eu não posso esperar
não posso mais
o trem está partindo;
seja feliz agora.

O trem está apitando
chamando todos os que querem partir
não sei ao certo qual é a estação
onde irei desembarcar
mas sei que aqui não devo mais ficar.
Não mais.

Seque as lágrimas, querida,
aprecie o belo céu azul
e guarde aquele retrato meu embaixo do travesseiro.
Seja feliz agora.

When I will be even so, I want that you he is very happy.






06 novembro, 2006

Sincere homage to the one distant friend



Quem
tão leve e graciosa quanto uma borboleta
encanta
desde a longínqua Germânia
até os dias de hoje?
Catarina de Médici e seu belíssimo
Ballet Comique de la Reine
em 1581
conquistando a todos com a magia da dança,
da sedução,
leveza,
perfeição.


Há algo mais belo que o corpo a voar no espaço
deslizando por entre a magia sagrada,
envolto no ar,
amparado pelas mãos de Deus
e pousando, então,
delicadamente
com o sorriso e a perfeição dos deuses?
O Pássaro de Fogo, de Igor Stravinsky
Tchaikovsky e seus
O Quebra-Nozes e O Lago dos Cisnes;
óh Deus,
foste perfeito ao criar o Ballet.






Lembranças

Das drogas da vida

Fico apenas com a solidão

E a lembrança de alguém

Que se perdeu na multidão

Há tempos atrás

Eu não preciso de modelos, não preciso de heróis

Costumo caminhar sozinho

E no jardim do meu destino

Aprecio a beleza das flores

À distância

Não se deve tocar

Não se deve cheirar

Não devemos perdoar ninguém

Eu não anistio seus pecados

Eu apenas sigo meu triste caminho em paz

Todos dizem da alegria

Berram nos gargalos dos bares

Que a vida pode ser feliz

Que os problemas podem ser solvidos

Comum como um dia de sol

Triste como um dia de chuva

Eterno como a existência do amor

As putas vendem barato o que de graça lhes foi dado.

Limpe o toca-fitas

Relembre dos velhos vinis

Tão empoeirados quanto a sua dignidade

Embolorados

Maltratados

Como a voz da verdade

Como o desejo da maldade

E eu não posso sorrir agora

Seus sonhos te fazem feliz

Minha querida?

Quais são os seus desejos?

Eu sei que você chora escondida

Atrás de pilhas de papéis no seu emprego

Eu sei que o tempo está passando

O relógio ri de nós, cruéis,

Sucumbindo seus criadores

Matando um leão por dia

Violentando crianças ao entardecer

Destruindo a esperança com palavras duras

Insolúveis, não se misturam ao café.

E você me diz para sorrir

Você me diz que não sou assim

Você me abraça e a onda gigante

Que dizimou bilhões na história

Que só traz dor com singelas memórias

Vira calmaria, ouve-se como sinfonia...

E do seu sorriso no retrato

Eu consigo minha harmonia.

Você consegue ver o mal que há dentro de você?

Dentro de nós?

Você é capaz de compor melodias dramáticas

Abstratas

E mandar o mundo parar porque encontrou sua errata.

E com uma bala

Sem açúcar

Sem beleza

É encontrada, jamais amada

Por alguém que você criou nas tristes madrugadas.

Das minhas palavras de amor

Insano

Filtro a bondade, a coerência e a verdade

Louco é aquele que luta pelos seus ideais

E consegue, num pedaço de papel,

Fazer da vida paraíso.

Você pode me ver agora?

Você consegue sentir a pulsação vibrante?

Você me disse que o mundo não é tão mal

Que meu caminho é totalmente natural

Mas já não sei ao certo em quê pensar...

05 novembro, 2006

Rain


A chuva me abraça enquanto olho para dentro de mim,
converso com meu coração,
busco as respostas às inúmeras perguntas
que existem,
flerto comigo mesmo, pois,
quando amamos nós mesmos
então conseguimos amar o próximo.
Sinto o vento frio acariciar meu rosto
tal qual uma mãe que ama seu filho
e o carrega sempre nas mãos,
percebo o céu carregado, triste,
e tomo minha xícara de café em paz
comigo mesmo.
São só palavras, nada mais. O mundo caminha ao seu ritmo.

Eternamente


Deixando passos na areia
observo a lua beijar o mar no horizonte
prova de amor sincero
enquanto caminho, absorto em pensamentos.
Lembra de quando sentávamos à beira mar
ríamos como crianças quando, calmamente
as águas molhavam nossos pés,
de quando nossos corações batiam juntos
unidos
num só compasso,
nós iluminados pelas crepitantes chamas da fogueira?
Como era bom caminhar de mãos dadas contigo
sem destino
sem preocupação
dizer palavras tolas, baixinho, no seu ouvido,
e ver seu sorriso lindo colorir tudo ao nosso redor.
Você ainda está em meu coração
seu doce sorriso
o sabor dos seus beijos
a lua refletida em seus olhos castanhos
o vento brincando com seus cabelos
você ainda está presente.
A brisa que lambe meu rosto agora
levará aonde quer que você esteja
meu beijo carregado de todo o amor puro
que tenho em mim.

Jamais poderemos ver este pôr-do-sol juntos novamente,
minha querida
mas saiba que, o vendo, lembro sempre de você.

Você, meu anjo,
houve minhas preces e me aguarda em um lugar
mais belo, onde o mar é sempre limpo
e as gaivotas brincam conosco na areia.

Eu te amo. Eternamente.

04 novembro, 2006

Construir ou plantar?

Um têxto anônimo da Tradição diz que cada pessoa, em sua existência, pode ter duas atitudes: Construir ou plantar.
Os construtores podem demorar anos em suas tarefas, mas um dia terminarão aquilo que estavam fazendo. Então páram, e ficam limitados por suas próprias paredes. A vida perde o sentido quando a construção acaba.
Mas existem os que plantam. Estes às vezes sofrem com tempestades, as estações e raramente descansam. Mas, ao contrário de um edifício, um jardim nunca pára de crescer e, ao mesmo tempo que exige atenção do jardineiro, também permite que, para ele, a vida seja uma grande aventura.
Os jardineiros se reconhecerão entre sí -porquê sabem que na história de cada planta está o crescimento de toda a Terra.

03 novembro, 2006

Love is (por Renato Russo)

Composição: Kate/Anna/Jane Mc Garride

Intro: B4
E F# B4 E
Love is a shiny car
F# B4 E
Love is a steel guitar
F# B4 E
Love is a battle scar
F# B B4
Love is the morning star
E F# B4
Love is a twelve-bar blues
E F# B4
Love is your blue suede shoes
E F# B4
Love is a heart abused
E F# B B4
Love is a mind confused
E B E
Love is the pleasures untold
B F# B4
And for some love is still a band of gold
B4 F# G#m B4
My love has no reason has no rhyme
B4 F# B4 B B4 B
My love crossed the double line
E F# B4
Love is a minor chord
E F# B4
Love is a mental ward
E F# B4
Love is a drawn sword
E F# B4
Love is it's own reward
Solo: (B4 A B4 E F#m E F# B4 E F# B4)
E B E
Love is the pleasures untold
B F# B4
And for some love is still a band of gold
B4 F# G#m B4
My love, my love has no reason has no rhyme
B4 F# B4 B B4 B
My love, my love crossed the double line

Ainda tem gente que consegue soltar a frase mais filha da puta que já ouvi: Odeio Legião Urbana e o viado do Renato Russo...


Nossos dias jamais voltarão...

Você pega seus filhos na escola
finge que ama seu marido
sua esposa está feia -os anos passam...
e você continua a se privar de coisas boas.
Nossos dias jamais voltarão, querido amigo
e você lê escrituras sagradas sem saber porque.
A chuva que cai agora
jamais voltará a cair noutra estação
os gatos, pacientes, esperam o rato
os ratos, pacientes, devoram o queijo.
Mas a engrenagem invisível continua a girar
a mover o mundo
mover nossos sonhos
nossas conquistas
não, neste mundo nós não voltaremos a ver
o que já foi visto
Não neste mundo
Pois nossos dias jamais voltarão,
filho amado.
Deixe seu deus estar ao seu lado
o diabo mora nos detalhes
e a chuva que molha seus cabelos
jamais voltará para cumprir o que prometeu.
Pra quê guardar o amor?
o amor em outra vida é superior
Você queima índios nas grandes cidades
desdenha das damas noturnas em seu triste jogo de xadrez
violenta crianças ganhando salário
guarda o sábado para não fazer nada
acha corpos inocentes na lata de lixo
lê escrituras sagradas sem saber o porque
ama uma pessoa que não te conhece
não conhece àquela que nasceu para você.
E isso tudo porque?

Nossos dias jamais voltarão...

02 novembro, 2006

Mais palavras

Coma sua torta
escondido no banheiro
espie a empregada
vinte anos mais jovem que você
e não sinta desejo
há um livro sagrado -escrito por homens comuns- na cabeceira da cama.
Ouça uma canção
masturbe-se no chuveiro (é tão bom...)
ligue para sua esposa
e fale da reunião das onze
a reunião das onze é importante
!!!

Volte para a realidade, José
a montanha-russa mata crianças
e você insiste em seu lugar na fila?
Abra os olhos, Maria
deixe as pernas para de noite
venda seu produto em outro lugar
há executivos almoçando agora.

A vacina é obra do diabo!!
Coca-Cola é obra do diabo!!
Bill Gates devorou Plutão
Crianças ficam tontas em parques de diversão
ouvindo pop
sentindo o pop
entrar e sair
entrar e sair
entrar e sair

Pare!!
não se mecha, isto não é um assalto
mas
o senhor jogou o papel de bala no chão
porco filho da puta!

A Montanha Sagrada

Abrimos os livros, olhamos revistas, falamos de Deus.
Quem somos nós para julgar o próximo?
Quem é o próximo para matar a esperança?
Os livros não nos ensinam a viver.
Olhando sempre para o quintal do vizinho
nossas flores morrem
secas
podres
enquanto o vizinho toma seu café na varanda
transa com a esposa
sai com a amante
rí da nossa cara.

Aviões no céu
e tanta lágrima caindo ao chão.
A MontanhaSagrada não espera por nós
entre os carros no congestionamento
um cigarro
um sexo
um abraço
um adeus.
A Montanha Sagrada não espera por nós.

Um anjo

Estou pensando em você, enquanto me divirto com o vapôr do café que, sempre, aparece e some sem deixar vestígios. A sua doce voz é melodia em minha mente, ainda sinto o toque amigo das suas mãos suaves, sua pele macia me faze crer que a perfeição existe.
Brinco com uma borboleta, ela pousa carinhosamente em minha mão; a brisa meche as folhas sobre a mesa e eu saboreio meu café, envolto em lembranças.
Deixei escapar um anjo por entre meus dedos.

Onde estão todos?

Tome seu café,
ligue para as amigas,
chame os casados,
a prostituta da sua mãe jamais lhe ensinou.

Abra a Bíblia,
deixe-a aberta ao lado da sua cama
assim os mosquitos terão papel limpo para sentar;
a puta da sua mãe jamais lhe ensinou.

Sente-se na varanda, amarre seu chapéu
(o vento se apossa de tudo)
acenda seu cigarro, morra um pouco mais.
Vigie seus vizinhos,
a vadia da sua mãe já não está mais aqui,
ela não pode te ver sorrir,
ela não pode te fazer chorar,
aquela prostituta já se foi faz tempo,
você consegue se lembrar, meu bem?

Limpe o rabo com seda
o cachorro suja tudo, não é mesmo?
Perfumes, dinheiro, homens
eles são gosotosos, sua mãe sabia.
Sua vadia! Aprecie um nome na placa de metal,
o ventre sagrado gerou um monstro,
um monstro cruel
um monstro cruel
A vadia da sua mãe jamais poderia imaginar.

Sinta ele dentro de você,
a chaleira está fervendo e a reunião começa às 10.
Se ela estivesse aqui, faria o café, mas
quem poderia dizer?
Às vezes a porra vale mais que o coração.

Pilastra de concreto


Todos olham com pavor
quando se tem o mundo nas mãos,
é só puxar o gatilho, querida,
os anos não querem dizer nada.
Os anos nunca querem dizer nada;
os anos nunca disseram nada.
Coma uma banana e fique feliz,
ligue sua TV e assista àquela merda
que te usa, te abusa, fode com sua vida.
(fode com sua vida)
Os anos querem dizer nada não
os anos jamais dirão algo.

Por uma dentadura postiça
sentí o gosto podre da sua hipocrisia.
É sú puxar o gatilho, querida!
(vamos, puxe devagar)
Assista seus filmes baratos na TV alugada
que alguém alugou para você
e para mim
(para mim?)

Às vezes erguer as mãos pro céu não ajuda,
é melhor pô-las pra frente e começar a trabalhar...
Os anos não querem dizer nada
pois a charada é o mel criado pela cobra.
E eu ví no seu olhar
eu ví diante do espelho
eu ví a mim em você
então chorei
porque a velhice está na sua mente.

Escreva em negrito
escreva seus versos no itálico do mundo
o que está escrito não se apaga
o vento não pode confiscar
os anos não podem destruir
pois
os anos não querem dizer nada.


E, no final, todos choramos sobre uma pobre pilastra de concreto.

Highway Song - System of a down

I need, I feel, a love,
You love to love the fear,
I never want to be alone,
I've forgotten to.

The road keeps moving clouds,
The clouds become unreal,
I guess I'll always be at home,
Do you want me to try,
Directing your night.

An exit lights the sky,
The sky becoms complete,
Traveling hearts divine the throne,
I've forgotten to.

Friction, lines, bumps,
The highway song complete,
the signs are all tuning right,
Do you want me to try,
Directing your night,
Want me to try,
Directing your light.

The purest forms of life,
Our days are never coming back,
The cannons of our time,
Our days are never coming back,
The purest forms of life,
Our days are never coming back,
The cannons of our time,
Our days are never ever coming back.

Our days are never coming back,
Our days are never coming back,
Our days are never coming back.