30 dezembro, 2006

Arschloch

Eu adoraria dizer que não há nada de errado acontecendo.
Eu gostaria de ignorar algumas coisas, esquecer o tanto que se passou e erguer a cabeça sem me sentir culpado, envergonhado, com medo. Medo inclusive de mim mesmo, deste meu olhar.
O espelho me mostra uma figura estranha, alguém que não sou eu tentando matar o que há da minha essência verdadeira, tentando matar meus sonhos, destruir meus amores, meus desejos, minha vida. Este eu que deseja desistir de tudo, largar construções prontas, outras sendo construídas, algumas por construir. Este eu que não se contenta com nada, que jamais está satisfeito com as coisas que consegue, que jamais está satisfeito com o mundo -porque jamais está satisfeito consigo mesmo.
Eu adoraria ser daqueles que finge estar tudo tranqüilo, que sorri para estranhos enquanto por dentro há um monstro devorando tudo, promovendo o caos. Eu adoraria não ter esta expressão desagradável, antipática, mesquinha; este olhar vago, condenador, que não é capaz de enxergar o longe de onde já ousei chegar. Eu não consigo, eu não sou ator.
Eu tenho raiva disto que me tornei durante todos estes anos. Tenho raiva de ser esta pessoa desanimada, quieta, passiva, que nunca está contente com nada e que, por tal descontentamento, criou um mundinho minúsculo onde cabe apenas um -também minúsculo- seleto grupo de pessoas escolhidas por afinidade e, muitas vezes, pelo destino. Tenho raiva dos meus pensamentos, dos meus têxtos, dos meus desenhos, de tudo o que eu faço: jamais estou contente com uma cria minha, mesmo que multidões me aplaudam de pé. Eu não sei gostar do que é meu, não aprendí a gostar de mim mesmo. Eu sou um grande monte de merda, um grande monte de inseguranças, um grande monte de medos e frustrações, um grande monte de preconceitos e manias, eu sou um grande monte de desejos e sonhos não realizados.
Machuquei tantas pessoas, falei tanto o que não devia, fiz brotar nos olhos de uma pessoa tão querida as mais salgadas lágrimas: fiz parte dos agravos que a levaram para sua morte triste e sofrida. Não pude pedir perdão, não pude reparar meus erros.
Me perdoe...

Eu não queria falar coisas tristes, não queria sempre ver as coisas pelo prisma errado, não queria ser este poço de inutilidades. Não queria estar passando por isto novamente e, apesar de eu estar mais velho que outrora, não sei como serão as coisas daqui pra frente.

Queria poder fingir que está tudo bem, chutar as coisas ruins pro alto e caminhar alegre, ou ao menos fingindo estar alegre.
Eu não sou ator. Eu não estou nada bem.
Não sei se continuo.

Eu sou tão idiota!

29 dezembro, 2006

Valores




De nada adianta fios de ouro bordados em mantas alvas de cetim,
não faz sentido o sentimento fortemente vivido, pelo jeito.
As primaveras trazem a beleza das flores mas,
por acaso,
alguém citou que na primavera o tempo chove também??

Pra quê dedicar tanto e tudo se
realmente
o que parece valer mais é o pau?

O que vale mais é o pau!

Então o sono vem
o lençol está vazio
(palavras não enchem certos espaços vazios)
então toda a beleza parece se perder,
toda a magia cultivada parece se despedir
e o amor parece se perder, perder lugar.
Por que o que vale mais é o pau!!

Depois de ouvir tanto,
ver tanto,
ler tanto,
fingir entender tanto...
há a necessidade do pau.

O que vale mais é o pau!
O que vale mais é o pau!
O que vale mais é o pau!
O que vale mais é o pau!
O que vale mais é o pau!
O que vale mais é o pau!
O que vale mais é o pau!
O que vale mais é o pau!
O que vale mais é o pau!
O que vale mais é o pau!
é o pau!
é o pau!
é o pau!
é o pau!
é o pau!
é o pau!
São os atuais valores.

28 dezembro, 2006

Aloha


Agradeço a todos os que comentaram sobre meus posts ou simplesmente -mas não com menos importância- leram meu blog, meus pensamentos.
Quando criei este espaço assim o fiz com o intuito de escrever sobre o que me viesse a mente, coisas pessoais, minhas opiniões sobre muito e muita coisa. Jamais imaginei que teria alguns leitores assíduos, pessoas a me incentivar a escrever sempre coisas novas, assim como jamais tive a pretensão de aparecer, de ser conhecido, ganhar bilhões -como os rapazes que venderam o youtube- ou encher minha página de propagandas, banners, anúncios. Também não optei por apelar para vídeos obscenos, imagens apelativas ou coisas do gênero.
Esse blog era uma fuga para meu prazer de escrever.

Obrigado por ter participado deste blog à sua maneira, caro leitor(a).
Fica meu forte abraço.

13 dezembro, 2006

Decisão


Não é belo, não é otimista, não segue parâmetros nem tampouco é coerente. É apenas o que eu precisava escrever. Se você gostar, recomende, comente, elogie. Se não gostar, critique, ignore.

_____

Pelo chão do quarto várias roupas jogadas.
Seus olhos encaram uma figura pálida, magra, patética no espelho. As olheiras denunciavam as muitas noites em claro e os olhos, que antes tanto encantavam pelo belo castanho, pareciam agora ter o peso de cem anos.
Peter estava em pé estático diante do espelho do banheiro. Não escrevera nenhuma carta de despedida, não queria dividir seus sentimentos daquele momento como todos faziam nos filmes da TV. A morte é um processo lento que, mesmo quando apressada voluntariamente, não precisa estar estampada nos jornais. Quando o nauseante odor se espalhasse pelo prédio alguém o encontraria, certamente um desconhecido, e aquele momento era único, pessoal.

Foi até a varanda do seu apartamento e olhou a rua quase vazia; apesar daquele ser um dia triste, Peter se sentiu alegre -como a muito não se sentia.Sentiu o vento da manhã lamber seu rosto, acariciar, brincar com seus cabelos como um amigo querido a se despedir. Reparou em um pequeno grupo de crianças que brincavam a caminho da escola e os garis, sempre pontuais, faça chuva ou faça sol, cumprindo seu trabalho. Notou também duas pombas disputarem farelos de pão na calçada.
Olhando para cima viu o céu da manhã em tons cinza e, embora não pudesse ver o horizonte distante, sabia que certamente havia um manto quase roxo perfilhando a linha distante que se une com o infinito. O homem, com toda sua inteligência, soube mesmo como se manter preso dentro de uma imensidão fenomenal, com seus arranha céus, imaginando estar mais próximo de Deus enquanto mata a esperança do seu próximo. Sentiu-se sufocado e pequeno em meio aos blocos mudos de concreto, resolveu entrar para fazer o que precisava ser feito.
Os quadros na parede da sala lhe trouxeram as lembranças de dois anos atrás, quando havia descoberto o gosto pela pintura. Era mais novo, bonito, tinha dezessete, tinha muitos planos, energia e alguns amores. Suas obras eram as mais elogiadas em exposições pela cidade: tornara-se o 'pintorzinho' mais querido da turma. As lágrimas surgiram e, apesar do esforço sobrenatural para contê-las, não foram apenas as pálpebras que ficaram molhadas.
Mas lembrou do seu objetivo e retornou do mundo das lembranças, um mundo perigoso que guardava muitas surpresas e segredos. Preferiu agir logo, não queria cair no erro de se arrepender no meio do caminho como outrora.

'É agora' - pensou consigo.

Um tiro alarmaria os vizinhos e, caso algo desse errado, os médicos ainda poderiam conseguir salvar sua vida e isso era o que ele não queria naquele momento. Enquanto alguns padecem nos leitos dos hospitais, implorando a Deus por mais uma chance outros poucos -por motivos que jamais iremos compreender, porque a taça da dor é diferente para cada um de nós- preferem abandonar seu caminho. Há aqueles que pulam de edifícios, ingerem altas doses de remédios, cortam seus pulsos, mas há também aqueles que não atentam contra seu corpo: estes preferem ignorar os amores da vida, deixar de lutar pelos seus sonhos. Perdem o sorriso dos lábios e a luz do olhar; estes sofrem a mais terrível morte que pode existir.
Peter quase optou por jogar-se na água mas sua fobia não lhe permitiria, nem em circunstâncias tão especiais. Um pavor existente desde sua infância que ninguém sabia explicar.

Abriu as caixas de remédio e retirou os comprimidos com pressa; alguns caíram no chão mas não faziam falta: para cada um que caiu havia pelo menos três sobre a pia do banheiro. Neste momento agradeceu ao curso de medicina que estava fazendo e pelo estágio -não remunerado- no hospital da cidade. Os meses de trabalho na 'casa das dores' (como Peter gostava de se referir a hospitais) estavam sendo recompensados, e muito bem pagos, naquele instante.
Se jogar da varanda do seu apartamento também seria uma solução simples e, praticamente, indolor. Aprendera no curso que, com a pancada da cabeça no chão, seus reflexos se desligariam e não sentiria dor alguma, caso conseguisse -milagrosamente- sobreviver à queda. Contudo, a cena de um crânio aberto no meio da calçada não é algo agradável de se ver e, naquele momento, Peter não estava interessado em chocar ninguém. Poderia vir a ser o trauma eterno de uma criança que passasse na rua...Melhor deixar para morrer quietinho em seu quarto, assim quem o encontrasse seria treinado para tais situações, trabalharia com isso diariamente, não seria um choque.

Terminou de preparar seu 'café-da-manhã' sobre a escura pia do banheiro, encheu um copo com água e, meio desajeitado, apanhou o primeiro monte de comprimidos e os ingeriu. Fitou seus próprios olhos no espelho mas não sentiu culpa ou se arrependeu: iria até o fim! Aos poucos aquele monte de remédios ia desaparecendo e, depois de alguns minutos, Peter precisou de mais um copo d'água.

'Falta pouco' - murmurou baixinho, olhando a água no copo.

Uma sirene de ambulância fez-se ouvir perto dali. Seus ouvidos ouviram mas ele não se preocupou, não correu até a janela mais próxima para ver o que era, com quem era, algo que todos fazem quase instintivamente. Ele já não precisava se preocupar com isso, estava se libertando de tudo naquele momento.

Restavam as últimas seis. Tomou-as sem pensar duas vezes. Fazia pelo menos dez minutos que ele começara a beber a morte e, até então, nenhum efeito aparente. Largou o copo sobre a pia e moveu-se para o quarto, atravessando um sem-número de roupas espalhadas pelo chão. Nunca fora organizado e, ao contrário de uma tal 'Verônika' de um tal livro famoso -de um tal escritor mundialmente conhecido- ele não iria arrumar toda a casa para morrer. 'A morte não há de ligar para a bagunça, só precisa me levar com ela.'
Sentou-se na cama e observou seu último quadro pintado, um bosque verde que se perdia na imensidão da distância. De longe contemplou sua obra e sentiu-se contente por ter, um dia, conseguido pintar algo tão belo, tão puro, tão pessoal. Teve a certeza de que foram bons tempos.
De repente percebeu que tudo estava silencioso demais, uma calmaria sem igual. Percebeu a sensação que teve quando, ainda pequeno, viajara para a praia e seus ouvidos ficaram 'entupidos'. Uma sensação engraçada e que toda criança adora enquanto brinca de desenhar no vidro do carro. Uma leve dormência passou pelos seus pés e mãos, se instalando e crescendo cada vez mais. Peter ficou contente, parecia que os remédios -enfim- estavam fazendo efeito.



Então, sem qualquer aviso ou cerimônia, sentiu a primeira pontada no peito que o fez deitar na cama. Parecia que uma faca havia sido cravada em seu coração neste momento. Levou a mão ao local da dor e outra agulhada se fez sentir, mais forte que a primeira.
E outra. E mais outra.
Apesar de Peter estar alcançando seu objetivo sentiu, neste momento, um medo irracional e suas mãos dormentes buscavam -sem força- agarrar o lençol da cama, enquanto seu corpo inteiro se retorcia de dor. O instinto natural de sobrevivência não concordava com a idéia de Peter e se agussava a cada enjôo, a cada pontada em seu peito. Estava ficando sem ar, ficou tonto enquanto se enrolava na fina e gostosa coberta marrom, presente de sua querida mãe antes de falecer.
Jamais sentira algo igual: a dor era terrível mas o jovem rapaz -apesar do medo- não estava arrependido; sentiu uma corrente elétrica passar pelo seu corpo dos pés a cabeça e retornar para o ponto de origem, várias vezes seguidas. Olhou para a parede branca ao seu lado e tudo parecia embassado, confuso, ele tinha perdido a noção do espaço. Sentiu seu corpo leve e tudo parecia estar girando ao redor dele, então sentiu um forte enjôo.

'Se vomitar não morro' - ele sabia .

Na sala, o telefone começou a tocar. Peter ouviu mas não deu importância, parecia que havia um cachorro vivo em seu estômago, o devorando cruelmente aos poucos.

'Esta é a caixa de mensagem (...) Deixe sua mensagem após o sinal.'

'- Alô, filho? Estou ligando pra avisar que devo chegar depois de amanhã por aí, na hora do almoço. Amanhã pego o avião com escala e devo chegar até a hora do almoço. Saudades de você, meu querido.
Abraço, filhão. Te amo muito.'

Peter estava paralisado sobre o lençol retorcido e nenhum músculo se mexia. A vista estava cansada e sua cabeça, ao contrário do restante do corpo, parecia pesar uma tonelada. Sentiu um gosto amargo, porém adocicado, e sua boca ficou úmida, estranha. Tentou se mexer mas não conseguiu, seu corpo não obedecia suas ordens, parecia não estar mais ali. Em um esforço descomunal conseguiu abaixar os olhos e ver, próximo ao seu rosto, uma grande mancha escura no alvo lençol que, antes, tão branco era agora tinha uma cor vermelho escuro.
Uma lágrima rolou dos seus olhos semi-abertos e Peter se sentiu livre, feliz, antes da escuridão tomar conta dos seus olhos, da sua vida. Pensou ter ouvido novamente uma sirene na rua, talvez estivesse delirando.



Já não fazia diferença, não naquele momento. Nem nunca mais.

J.L
(Trovador Solitário)
_____

11 dezembro, 2006

Me and road



Eu sou aquele que, sentado na varanda, escreve lindos versos enquanto aprecia o horizonte calado, mórbido, distante das suas mãos -mas dentro da sua mente, do seu coração, presente em cada letra ferida no alvo papel.
Eu estou em todas as palavras que saem da sua boca, estou no jornal antigo, esquecido, largado sobre a também antiga mesa de centro. Estou em cada migalha do pão que lhe alimenta, posso saciar sua fome.
Eu sou o dono da verdade que dita as mentiras do mundo, sou uma centelha de Deus, sou a mão do recém nascido e os olhos tristes do senhor em seu leito de descanso.

Eu sou a estrada sem fim onde você, descalço e sem alforjes, trilha seu caminho, cumpre sua peregrinação, busca suas vitórias.
Sou a pedra que lhe derruba e a mão do samaritano a socorrer suas chagas. Estou no sol, nas folhas, no riacho que, mesmo sem força e pequenino, busca o oceano para, em determinado momento, explodir com sua força majestosa em um belo espetáculo de beleza na beira da praia. Sou as ondas calmas, sedutoras, que molharam seus pés, que lhe trouxeram àquelas conchas prateadas.

Sou o livro que você deseja ler mas não o faz; sou do escuro do quarto a sensação mais voraz, mais completa, mais tensa e inacreditável. Eu vejo você mas você não me vê. Eu estou em você mas você, assim como, estás em mim. Estou em cada vão momento eterno da humanidade, nos massacres, nos genocídios, nas declarações de amor dos anos 40, em cada sorriso sincero, em cada lágrima pela perda, pela vitória, pelos anos que se passaram e pelas horas que nos faltam.

Do relógio a badalar sou o ontem que se perdeu no espaço e o amanhã que, nem em sonhos, você poderá visitar hoje. Sou a falta de carinho e as rosas na sua porta; a porta que liberta e o olhar apreensivo do menino que nos exorta.

Eu amo gatos...


Quer me deixar alegre? Mostre-me um gato :)

O Chamado


Lembra de 'O Chamado'???

Scrivimi - Equilíbrio Distante

Composição: Nino Buonocuore


Renato Russo: voce
Carlos trilha: tastiere, programmazione
Paulo Loureiro: Chitarre acustiche
Arthur Maia: basso

Scrivimi
Quando il vento avrà spogliato gli alberi
Gli altri sono andati al cinema
Ma tu vuoi restare sola
Poca voglia di parlare
Allora scrivimi
Servirà a sentirti meno fragile
Quando nella gente troverai
Solamente indifferenza
Tu non ti dimenticare mai di me
E se non avrai da dire
Niente di particolare
Non ti devi preoccupare
Io saprò capire
A me basta di sapere
Che mi pensi anche un minuto
Perché io so accontentarmi
Anche di un semplice saluto
Ci vuole poco
Per sentirsi più vicini
Scrivimi
Quando il cielo sembrerà più limpido
Le giornate ormai si allungano
Mas tu non aspettar la sera
Se hai voglia di cantare...
Scrivimi,
Anche quando penserai
Che ti sei innamora...ta
E se non avrai da dire
Niente di particolare
Non ti devi preoccupare
Io saprò capire
A me basta di sapere
Che mi pensi anche un minuto
Perché io so accontentarmi
Anche di un semplice saluto
Ci vuole poco
Per sentirsi più vicini
Scrivimi
Anche quando penserai
Che ti sei innamora...ta,
Tu scrivimi

_____________________

Escreva-me
quando o vento tiver desfolhado as árvores,
os outros tiverem ido ao cinema
e você quiser ficar sozinha.
Se você não quer falar muito
então escreva-me.

Servirá para fazê-la sentir-se menos fraca.
Quando nas pessoas encontrar
somente indiferença,
nunca se esqueça de mim.

E se você não tiver
nada de particular para dizer
não precisa se preocupar,
eu saberei entender.

Pra mim, basta saber
que você pensa em mim ao menos um minuto,
porque eu sei ficar contente
mesmo com uma simples saudação.

É necessário tão pouco
para sentir-se mais perto


Escreva-me
quando o céu parecer mais claro.
Os dias agora se alongam
mas não espere pela tarde.

Se você tem vontade de cantar,
escreva-me!
Mesmo quando você achar
que está apaixonada...

Escreva-me

09 dezembro, 2006

Photoshop?? Não obrigado, tenho GIMP


Um dos meus trabalhos no GIMP, começarei a postá-los também...
(clique sobre a imagem para vê-la em tamanho natural)



08 dezembro, 2006

To be continued




O ano está acabando -mesmo parecendo que começou ontem- e preciso rever alguns pontos positivos e negativos de mais uma etapa quase concluída (já foram tantos começos e recomeços...). A humanidade resolveu dividir o tempo em anos, meses, dias, para que, em determinado momento, paremos e reavaliemos tudo o que passou. Então podemos sorrir -ou chorar, e nos iludir com esperanças inverídicas, jogar a sujeira para debaixo do tapete e continuar em um 'ano novo' muito mais feliz e belo, que terminará como este em que nos encontramos.
E o ciclo novamente continua.

Fiz muitos planos para este ano e me orgulho de ter conseguido concluir alguns deles -se não se pode alcançar o topo definitivo da montanha, erguemos aqui então nossa bandeira e sorrimos pela conquista, pois o mérito é válido. O maior objetivo deste ano (e de toda a minha vida até então) está para ser concluído dentro de alguns dias e então, sim, uma nova etapa recomeçará.
Alguns vícios foram abandonados nesta parte do caminho, hábitos estranhos se solidificaram e alguns, que apesar de me fazer mal, voltaram nestes últimos tempos com o andar da carruagem.

Houveram mudanças de moradia, de personalidade e ideais. E mais algumas menores que não convém citar. As mudanças vieram em um bom momento, pois já me sentia meio perdido -mais que o habitual- e sem um centro em meio a tantas informações a me rodear. Cresci muito como pessoa neste espaço de tempo, descobri algumas coisas novas, relembrei fatos já quase esquecidos pela mente ocupada com um sem-fim de projetos paralelos. Abandonei alguns caminhos mas sem me arrepender depois, afinal os motivos foram os mais sagrados possíveis.

Perdi pessoas queridas, conheci outras fantásticas. No jogo das portas 'on-off' me sinto bem no exato momento; sei que as coisas poderiam ser diferentes, mas assim precisam ser. E quem já não está mais ao meu lado estará -sempre- em meu coração e minha lembrança mais doce e carinhosa.

No momento minha saúde está ruim, poderia estar sem dúvidas muito melhor, sei disso. Meu humor está como de costume; a labilidade constante é marca deste primata e, por Deus, sempre me acompanhará em minhas idas e vindas.
Estou, mais um primata entre milhares, aguardando a tão esperada virada de ano, para sorrir, abraçar pessoas que jamais vi na vida -ou vejo com muita pouca freqüência- e acreditar que tudo será melhor em um novo ano que se inicia.
Assim é a vida, não é mesmo?

Por Renato Russo, The Stonewall Celebration Concert





You made up your mind it was time it was over
After we had come so far.
I think there's enough pieces of forgiveness
Somewhere in my broken heart.

I would not have chose the road you have taken,
It has left us miles apart.
I think I can still find the will to keep going
Somewhere in my broken heart.

So fly. Go ahead and fly,
Till you find out who you are.
And I, I will keep my love unspoken
Somewhere in my broken heart.

I hope that in time you will find what you long for.
Love that's written in the stars.
When you finally do, I think you will see
It's somewhere in my broken heart.

Girl, I, I will keep my love unspoken
Somewhere in my broken heart.

I hope that in time you will find what you long for.
Love that's written in the stars.
When you finally do, I think you will see
It's somewhere in my broken
Somewhere in my broken
Somewhere in my broken heart.

Meu momento



Tenho tanto para escrever, as idéias borbulham e a chaleira apita. Mas as palavras, tímidas, teimam em se esconder, brincar comigo de um jogo cruel que tanto me deixa confuso, inquieto, impassível.
A tela do computador ilumina as brancas e tristes paredes do quarto enquanto eu, mesclado às paredes, vejo as horas passarem, as idéias fluírem, o papel em branco. Meu Deus, o que há de tão equivocado neste momento? Será que o apreço pelas letras se foi junto às folhas secas com o último vendaval? Desde então minhas rimas são pobres -não que fossem ouro, não senhor, não tanto- e minhas idéias se recusam a ganhar formas sobre as árvores industrializadas em minha frente. É como ter o rio diante dos olhos e morrer de sede.

Não se deve apressar a inspiração.

06 dezembro, 2006

Happy Together - The turtles

Imagine me and you, I do
I think about you day and night
It's only right
To think about the girl you love
And hold her tight
So happy together
If I should call you up
Invest a dime
And you say you belong to me
And ease my mind
Imagine how the world could be
So very fine
So happy together

I can't see me loving nobody but you
For all my life
When you're with me
Baby the skies will be blue
For all my life
Me and you
And you and me
No matter how they tossed the dice
It had to be
The only one for me is you
And you for me
So happy together


Me and you
And you and me
No matter how they tossed the dice
It had to be
The only one for me is you
And you for me
So happy together
So happy together
How is the weather
So happy together
We're happy together
So happy together...

____
Já conhecia esta música há muito tempo, mas não lembrava. A conhecí no filme "The adaptation", com Nicolas Cage.

Fim de tarde

Sentados na cama eles se olham, se desejam, flertam como adolescentes no colégio. As mãos úmidas sobre o lençol denunciam o que tenta se esconder por detrás de um tímido sorriso. A mão dele desbrava o desconhecido, viaja no espaço e alcança o rosto daquela linda moça a sua frente. Os lábios se apresentam depois, secos, quentes, com a pressa ditada pelo momento e local inoportuno.

Ah, aquele beijo... Tão cheio de malícia, de carinho, tão esperado entre as chatas manhãs vazias é encontrado em um fim de tarde repleto de alegria. As mãos se enroscam nos cabelos finos e lisos, as línguas provam um sabor divino, a maçã quase proibida, mas que, ao contrário da anterior, não expulsa, mas sim concede o paraíso. A canção suave no toca-disco embala a dança.

A boca que diz ‘não’ é sufocada pelo coração que pede mais, que diz ‘sim’ e que quer sentir este fogo eterno aquecer tudo. As peças de pano que escondem o ser sagrado criado pela mão da perfeição agora caem ao chão, uma a uma, na explosão da liberdade, na ância pelo calor do atrito. Leves mordidas, arranhões desesperados, dois corpos loucos na batalha pela união, pela partilha de sentimentos buscam agora explodir no prazer de amar.

A língua sente o sabor molhado das pétalas da mais bela rosa existente, enquanto sussurros se fazem ouvir ecoando no ar. Sabor como este não há em lugar algum neste mundo a não ser ali, no portal da nova vida, no solo onde a semente é semeada. As pequenas mãos brancas se contorcem, buscam agarrar algo além dos travesseiros; os pés tão lindos se debatem sem compasso, sem ritmo, comandados apenas pelo prazer do momento.

Os cinco sentidos se unem, faz da união uma explosão de cores e sinfonias. A energia circula seu corpo neste momento e um grito seco foge desesperadamente ganhando liberdade entre as paredes do quarto. Com os olhos fechados, sentindo o corpo ter uma tonelada ela, paralisada, percebe uma boca escalar seu corpo como se o quisesse enxugar, secar todo aquele suor. Sentindo o salgado sabor dos lábios de seu amado ela sente ser invadida, ser tomada de salto sente cada contração causada pelos movimentos repetidos, rítmicos, sensuais. Acha que vai desmaiar de prazer, mas isso não acontece, os deuses guardaram este momento único para os dois e não seria leal da parte deles aprontarem isso com ela.

A cada movimento, a cada mordida, os pêlos vão se eriçando, criando a camada protetora sobre a pele do rapaz. Em meio aos urros e gemidos típicos do momento o calor banha os dois, enrolados no alvo lençol sobre o colchão. Ela sente o calor, ele também. Exaustos, se beijam e, abraçados, adormecem enquanto o disco, com a mesma música calma termina de rodar no tocador.

05 dezembro, 2006

Atualidades de algo já antigo (esquecido).




Estamos sendo projetados para não amar mais. Sim, não amar.
Parece uma afirmação estranha, equivocada, mas é a nossa realidade. Qual o real motivo, senão este, para os relacionamentos não durarem o que antes duravam? Hoje em dia você declara amores infundados -porém belos, magníficos- para alguém que não lhe quer, ou que quer apenas uma noite, uma festa, um pó, um cigarro de você. Quer sua bunda, quer lençóis, quer sua boca e nada mais.
Não há mais amor nos dias de hoje, ou talvez haja medo de amar.
O futuro da nossa geração é estranho, parece que não haverão mais casamentos duradouros, não haverão casamentos!! Ninguém dá a mínima para o que você sente, você não dá a mínima para um 'eu te amo' que se ouve por telefone, que se recebe com flores e chocolates, que se diz assim, baixinho no ouvido. E nossas crianças, como ficarão? Deverão se acostumar com este ritmo e, assim sendo, prosseguir neste ciclo vicioso desgraçado, onde nada é para sempre, onde não se respeita mais os sentimentos tão puros que outrora habitavam nossos lares, nossos corações?

Os relacionamentos não são mais feitos para durar. Infelizmente.

02 dezembro, 2006

A dança

Esta vai para os 'homens' desta geração profética da água engarrafada que não páram para olhar nos olhos de uma mulher e dizer um simples 'obrigado', 'bom dia', 'desculpe-me', 'eu te amo'. Para os 'homens' atuais que preferem mostrar a 'supremacia masculina' através da brutalidade, quando poderiam demonstrar o amor com rosas vermelhas.

Letra de renato Russo, do disco 'Legião Urbana'

Não sei o que é direito
Só vejo preconceito
E a sua roupa nova
É só uma roupa nova
Você não tem idéias
Pra acompanhar a moda
Tratando as meninas
Como se fossem lixo
Ou então espécie rara
Só a você pertence
Ou então espécie rara
Que você não respeita
Ou então espécie rara
Que é só um objeto
Pra usar e jogar fora
Depois de ter prazer.

Você é tão moderno
Se acha tão moderno
Mas é igual a seus pais
É só questão de idade
Passando dessa fase
Tanto fez e tanto faz.

Você com as suas drogas
E as suas teorias
E a sua rebeldia
E a sua solidão
Vive com seus excessos
Mas não tem mais dinheiro
Pra comprar outra fuga
Sair de casa então
Então é outra festa
É outra sexta-feira
Que se dane o futuro
Você tem a vida inteira
Você é tão esperto
Você está tão certo
Mas você nunca dançou
Com ódio de verdade.

Você é tão esperto
Você está tão certo
Que você nunca vai errar
Mas a vida deixa marcas
Tenha cuidado
Se um dia você dançar

Nós somos tão modernos
Só não somos sinceros
Nos escondemos mais e mais
É só questão de idade
Passando dessa fase
Tanto fez e tanto faz
Você é tão esperto
Você está tão certo
Que você nunca vai errar.

Mas a vida deixa marcas
Tenha cuidado
Se um dia você dançar.

01 dezembro, 2006

Meu dia.


Quero abrir as janelas do meu quarto e me alegrar por tudo o que eu já fiz,
quero olhar o céu e ter certeza que alguém olha por mim.
Eu quero ler meus livros, ouvir minhas músicas,
escrever meus poemas sem precisar ser correto
(não há motivos para isso)
sem precisar ser coerente,
precisando apenas ser sincero, comigo e para quem escrevo.
Meus dias passam devagar e eu quero ser feliz
ao menos uma vez.
Quero sorrir para a pessoa certa,
quero ler boas notícias no jornal,
jogar o papel de bala no lixo,
eu já parei de fumar.
Eu já não vou morrer tão cedo.
Eu ainda tenho tempo para amar.
Amar a mim mesmo.
Amar a vida.
Amar as pessoas ao meu redor.
Amar a Deus sobre todas as coisas.
Amar meus amigos.
Amar meus inimigos.
(é tão difícil)
Amar quem merece e quem não merece ser amado,
pois o amor, seja ele como for, é um sentimento único,
insolúvel, belo e sagrado.

Eu me amo, e você?

Hoje eu quero acordar e ser feliz.