06 dezembro, 2006

Fim de tarde

Sentados na cama eles se olham, se desejam, flertam como adolescentes no colégio. As mãos úmidas sobre o lençol denunciam o que tenta se esconder por detrás de um tímido sorriso. A mão dele desbrava o desconhecido, viaja no espaço e alcança o rosto daquela linda moça a sua frente. Os lábios se apresentam depois, secos, quentes, com a pressa ditada pelo momento e local inoportuno.

Ah, aquele beijo... Tão cheio de malícia, de carinho, tão esperado entre as chatas manhãs vazias é encontrado em um fim de tarde repleto de alegria. As mãos se enroscam nos cabelos finos e lisos, as línguas provam um sabor divino, a maçã quase proibida, mas que, ao contrário da anterior, não expulsa, mas sim concede o paraíso. A canção suave no toca-disco embala a dança.

A boca que diz ‘não’ é sufocada pelo coração que pede mais, que diz ‘sim’ e que quer sentir este fogo eterno aquecer tudo. As peças de pano que escondem o ser sagrado criado pela mão da perfeição agora caem ao chão, uma a uma, na explosão da liberdade, na ância pelo calor do atrito. Leves mordidas, arranhões desesperados, dois corpos loucos na batalha pela união, pela partilha de sentimentos buscam agora explodir no prazer de amar.

A língua sente o sabor molhado das pétalas da mais bela rosa existente, enquanto sussurros se fazem ouvir ecoando no ar. Sabor como este não há em lugar algum neste mundo a não ser ali, no portal da nova vida, no solo onde a semente é semeada. As pequenas mãos brancas se contorcem, buscam agarrar algo além dos travesseiros; os pés tão lindos se debatem sem compasso, sem ritmo, comandados apenas pelo prazer do momento.

Os cinco sentidos se unem, faz da união uma explosão de cores e sinfonias. A energia circula seu corpo neste momento e um grito seco foge desesperadamente ganhando liberdade entre as paredes do quarto. Com os olhos fechados, sentindo o corpo ter uma tonelada ela, paralisada, percebe uma boca escalar seu corpo como se o quisesse enxugar, secar todo aquele suor. Sentindo o salgado sabor dos lábios de seu amado ela sente ser invadida, ser tomada de salto sente cada contração causada pelos movimentos repetidos, rítmicos, sensuais. Acha que vai desmaiar de prazer, mas isso não acontece, os deuses guardaram este momento único para os dois e não seria leal da parte deles aprontarem isso com ela.

A cada movimento, a cada mordida, os pêlos vão se eriçando, criando a camada protetora sobre a pele do rapaz. Em meio aos urros e gemidos típicos do momento o calor banha os dois, enrolados no alvo lençol sobre o colchão. Ela sente o calor, ele também. Exaustos, se beijam e, abraçados, adormecem enquanto o disco, com a mesma música calma termina de rodar no tocador.

Um comentário:

  1. Grande mestre....agora mais uma vez afirmo vc demonstra em suas palavras ser um se humano incrível e de grande sensibilidade.
    Feliz daquele que tem vpcê como amigo.
    Fique na paz!!!!!
    Forte abraço!!!!!

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