16 março, 2007

169,7542 libras - Retornando aos 75

Não, não estou falando da década de 70, tampouco 75 anos.
Lembro-me de quando, depois dos 3 meses ao relento, ingressei na Casa-Lar com míseros 50 quilos e 165 centímetros de altura. Consideremos que neste meio tempo -3 meses ao relento e 'Casa-Lar'- houve um mês no abrigo Provopar, mas neste tempo não consegui adquirir 'massa'.

"Também, passava dias só no café preto e pãezinhos -deliciosos- de soja. Ah, e cigarros, muitos cigarros (vez ou outra a maconha, mas em doses homeopáticas)."

Foram quatro anos na 'Casa' e muita coisa mudou: Cheguei a conviver com mais 15 pessoas sob o mesmo teto, inclusive crianças recém-nascidas. Eu era o mais velho, só havia mais um moreno beiçudo que fazia primaveras meses depois de mim. Comecei a fazer Caratê-Do (caminho das mãos vazias) e adquiri espantosa agilidade, elasticidade -que se perdeu com o tempo, infelizmente- e destreza; também trabalhei em uma estufa onde plantávamos a vida no mais amplo leque de espécies de flores. Uma mais linda que a outra.

"Amo a natureza!"

Comecei a trabalhar como office-boy de uma empresa sanguessuga, digo, alimentícia e foi nela que tive o orgulho de olhar no espelho e, pela primeira vez na vida, sorrir por estar trabalhando, estar ganhando meu dinheiro. Depois deste serviço, passei à arquivista do setor RH, onde passava horas aguentando a chata do recursos humanos colocando defeito até mesmo onde não haviam gêneros para ela cismar. Depois de árdua discussão por telefone com a gentil mulher, fui demitido (!). Sob a realidade de enfrentar a justiça, por problemas que devem ser omitidos neste post, me readmitiram um mês depois. Então fiquei encarregado do setor almoxarifado da empresa... desde uma simples caneta BIC até um ribom de cera, era responsabilidade minha:
  • verificar estoque;
  • solicitar compra à matriz da empresa, na capital do estado;
  • realizar 'triagens' de preço;
  • efetuar a compra do produto;
  • receber o produto na empresa, verificando todo e qualquer detalhe da mercadoria;
  • armazenar e zelar dos produtos em estoque;
  • lançar as notas fiscais no sistema;
  • encaminhar notas fiscais para a matriz;
  • verificar estoque...
Num circulo vicioso interminável...
Pois bem, como eu era responsável por alocar as mercadorias no estoque -mercadorias tipo '7 toneladas de açúcar', por exemplo- fui ganhando a dita cuja da massa corporal. Nestas 'indas' e vindas eu já havia crescido um pouco, já não me apresentava tão esquelético como outrora.
Tive meu primeiro namoro, fui do céu ao inferno tão facilmente que, além do habitual, comecei a ser extremamente negligente comigo mesmo!
E a famosa barriga apareceu (não, eu não engravidei ¬¬). E a postura foi se mostrando mais e mais arcada, errônea!
Então, às vésperas (não tãão vésperas assim...) de completar a maioridade, sonho de todo rapaz -que depois de uns tempos vira real pesadelo- vim residir em Brasília, mais especificamente não em Brasília (?), mas em Taguatinga.

"Ah, Taguatinga... suas ruas sujas, movimentadas, barulhentas, lar de mendigos -como fui um dia- e ofício dos informais, das 'moças bondosas' da famosa 'rua da alegria' e das 'bonecas', mais na parte sul da cidade..."

Com a pressão da escola, a repetição de ano -pela 3ª vez consecutiva- devida à falta de ambientação com os métodos de ensino propostos aqui, surtos de solidão, desespero, agonia, ódio: engordei!
E, então, cheguei ao cume de onde nunca tinha alcançado planícies tão distantes com os olhos: 85 quilos. 86 quilos. 87 quilos. No auge da morbidez, resolvi sair da passividade e me cuidar, de uma forma ou de outra!!
Entrou então a famosa 'dieta do Dr. Joseph Mengele (legista de Auschwitisz)': alimentar-se mal, ou nada, e trabalhar feito um louco!
Emagrecí 4 quilos em 1 semana e meia, das duas que passei só à água (cigarros e insônia) e nada mais. Então conseguí, aos poucos, me restabelecer, retornar ao peso que julgo ideal para mim, hoje com 174 centímetros: 75 quilos.

Pois bem que hoje pela manhã, depois de resolver pormenores em Taguatinga, deixei-me seduzir pelos encantos de uma balança de farmácia; fui em 3 só para garantir o que meus olhos viam no visor digital do aparelho: 77 quilos!!!!!!

"Faltam só dois quilos para encontrar meu 'chão'!!!"

A 'dieta Mengele' está moderada, mas ainda está me ajudando a perder a indesejável adiposidade que tanto incomoda nas tarefas mais cotidianas imagináveis. Não cheguei ao ponto de não conseguir cruzar as pernas, mas estive caminhando para tal.
Hoje me sinto melhor. Bem melhor, retornando aos 75.

Um comentário:

  1. Lindo, acho muito bom que você consiga desabafar e comece a "por para fora" o que foi esse passado difícil...
    Você verá que conseguirá reelaborar algumas coisas, entender melhor outras, superar umas tantas...
    Mas, alguns "padrões" precisam ser mudados, né, Lindo?!... Essa sua relação com seu corpo e sua alimentação... Por que se "maltratar" assim? Não é tão mais fácil ir jogar um futebolzinho, fazer umas abdominais em casa, diante da TV mesmo, caminhar no parque? Agora, água, cigarros e insônia destroem qualquer ser humano! Por que optar por isso?! Eu estou com você, quero-o feliz, saudável...!...para podermos curtir muitas coisas juntos! Por favor, repense.
    Continuo com saudades de você! Muitos beijos!

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