19 outubro, 2006

A Dança

Envoltos pela penumbra do quarto, dois corpos iniciam o balé do amor, a mais bela dança existente no mundo. Os olhos se cruzam, hipnotizados, enquanto o aroma de rosas paira no ar. As mãos buscam algo vagarosamente no espaço, tateiam a sedosa pele branca agora arrepiada de desejo. Os lábios se colam em perfeita simetria, como se quisescem provar que a perfeição existe... palavras de carinho ganham vida nesta esfera mística, sagrada.
Corações batendo no mesmo compasso enquanto as mãos, ingênuas, exploram um território novo, desconhecido, abstrato. Alcansado o talo nú escondido, a descoberta de um paraíso, a carícia por amor, o doce sabor do pecado santo. A alva pele agora tão escura pela deficiência de luz faz a imaginação brotar, os pensamentos voam na velocidade da luz, a fenda magistral que à séculos era repugnada agora recebe estímulos, beijos, carícias, amor. A penúgem aveludada pôe-se de pé a cada investida, a cada respiração, a cada cruzar de olhares que, no seu silêncio, dizem mais que mil palavras.
Um respeito quase religioso é vivenciado pelos dançarinos, que agora são um só em meio a palavras misturadas, sem sentido, alteradas pela magia do amor. Corações batem acelerados sem cessar, enquanto uma discarga elétrica circunda o corpo unificado, fazendo jorrar o líquido do amor, o grito do prazer, o sorriso da felicidade. A dança, a união dos amantes.

Juntos, agora eles se abrassam felizes -pois entendem que esta maneira de provar o amor não é errada aos olhos Daquele que os criou-, mas sim um momento eterno.

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