29 junho, 2009

Relatos & Tempos que se passam

Um homem murado dentro de mim mesmo, repleto de regiões de solidão. Inacessível aos olhos de todos, incompreensível à própria percepção e entendimento. Buscando abraçar o mundo sem lembrar, reparem só, de sorrir para mim no espelho. Enclausurado pelos desejos de seguir adiante, reencontrar os destinos naturais de um ser que é imortal enquanto se julga forte. Padeço de um mal maior, sofro de dores que não sangram; morro quando deveria lutar para viver.Fechado nesta penumbra jamais expandirei meus horizontes, jamais alcançarei o topo da escada enquanto prosseguirem a puxar meus pés, derrubando não apenas meu corpo, mas tudo o que sou. Essa solidão é um revólver que porá fim à minha vida sem precisar d’outras mãos para dispará-lo.

Tempos que se passam, momentos perdidos,
diários rabiscados, vozes que não calam,
lembranças insuportavelmente inesquecíveis.
Fragmentos de uma história retorcidos.

Vontade de voltar, seguir as próprias pegadas deixadas no caminho. Reescolher caminhos.
Silenciar mudas paredes de concreto que não choram a perda de tesouros inestimavelmente sagrados, redescobrir vales ensolarados no entardecer. Despir trajes de guerra, despir trajes da morte.
Solidão de algodão, móveis rústicos de hipocrisia, alarmes falsos e insuportáveis, discrepâncias absolutas no abstrato coletivo. Viver ou morrer? Miver ou vorrer? Difícil escolher.

Café amargo, trago de cigarro, olhares vazios ao redor. O mundo é uma caixa repleta de frustrações. Cada um de nós, uma galáxia.


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