17 novembro, 2006

Garatéia




Vamos ver as ondas quebrarem n'areia
e esquecer das dores de um coração partido.
Vamos festejar a passagem do ano velho,
comer muita lentilha
(sim, me disseram que é bom!!)
pular 7 ondas para Iemanjá,
deixar no passado tanta coisa bela que passou.
Lembra daquela canção, minha querida?
ela contava sobre coisas da vida
coisas que hoje já não acontecem mais
(ou estaria eu sendo muito pessimista?)
Você se lembra, querida?

Os anos vão passando
e os olhos que outrora carregavam a luz da juventude
agora começam a denunciar a escuridão da morte.
O rosto antes tão formoso,
os lábios que tão doce se mostravam nos sorrisos,
nas janelas,
hoje parecem se esconder, envergonhados.
Quem foi que dividiu o tempo em dias, meses, anos?
quem assasinou a esperança desta maneira?
É preciso aproveitar ao máximo o tempo que se tem.
Hoje é o seu aniversário, querida,
amanhã pode não ser o meu também.

Abra as cortinas
deixe o sol penetrar na pele nua repousada sobre os lençois.
Deixe o mundo recomeçar, minha querida
somos peixes fisgados por imensos anzóis.
E quando o campainha tocar,
anunciando minha chegada,
não diga que está de saída
eu posso não aparecer mais.
Nunca mais...

Enquanto você sonha em meio aos lençois
nós somos pequenos peixes fisgados
por imensos anzóis.

2 comentários:

  1. "quem assasinou a esperança desta maneira?" É, eu tb gostaria de saber! Beijos

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