"Sou o menino e o senhor;
o primeiro a brincar,
o outro sem pensar no depois.
Sou todas as flores dos imensos jardins do mundo,
das declarações apaixonadas nos portões,
nas cortinas bordadas nos varais,
entre os dedos gélidos, dentro de tristes caixões.
Sou da furia, tempestade
e a amizade que renasce a cada novo amanhecer;
se me perguntas quem sou, respondo 'não sei',
se (acenando) me perguntas a onde vou,
finjo não ouvir, sorrio e sem rumo caminho, mas sem me perder.
Sou o rapaz apaixonado pelo retrato,
a semente inerte na terra a germinar.
Espalho meus galhos, quem sabe?
E em meio a abraços, a mulher que amo um dia poder beijar.
Sou o poeta que escreve o amor,
o medroso que do escuro se esconde,
o menino a brincar de ciranda,
o fim de vida que chega ao mendigo, assusta a mulher,
é a vida do doutor.
Sou as pedras que formaram esta areia
onde seus pés, tão belos, se acomodam ao entardecer.
Sou o pôr-do-sol, inocente, vermelho.
Sou o mar que espera a lua,
a vida,
o concretismo dos velhos versos,
as palavras rabiscadas no espaço infinito,
o pensamento que não vagueia.
Eu sou tudo o que quero ser,
e, ainda que nada eu queira ser,
Que belo texto! Gostei dessa parte: 'Sou as pedras que formaram esta areia'. Dá pra imaginar as pedras se desfazendo até virar areia fina sob os pés de alguém... muito bom!
ResponderExcluirUau.
ResponderExcluiradorei seu blog e AMEI o comentário.
estava precisando - e muito- ouvir palavras de apoio.
um beijao