22 março, 2007

Acreditar em mim




Quero acreditar em mim, acreditar que posso tudo o que quero. Quero sorrir nas noites solitárias sem me perguntar o motivo, olhar para os olhos na rua sem pudor, abrir meus braços e aceitar a vida -e as pessoas- como ela é. Aceitar que as coisas nem sempre são como poderiam ser, aceitar que meu sofrimento com tudo é simples capricho da contemporaneidade.
Quero acreditar em mim, nos passos trôpegos que trilho por entre arbustos baixos e cortantes. Acreditar que depois daquela colina haverá um lindo vale com lagos de águas cristalinas onde crianças brincam aos montes. Aprender com as árvores mortas, varrer as folhas secas dispersas pelo caminho sem me incomodar com o vento imundo que teima em brincar comigo. Aproveitar cada raio de sol e dar boa noite à lua.
Quero acreditar em mim, sobretudo no olhar vago diante do espelho pedindo amparo em desespero. Encontrar a caixa aberta de onde flui tanta mágoa e rancor. Encontrar a chave das portas que, mesmo que'u tente, não consigo abrir, não me permitem abrir.
E qual motivo?
Quero acreditar em mim, amar a pessoa que está dentro desta ridícula carcaça de músculos e ossos, mas é tão difícil...

Um comentário:

  1. Hum...
    Eu devia ficar quieta, mas vou falar.
    Sabe quem é esse aí da figura que você colocou pra ilustrar seu texto? Narciso. Aquele apaixonado por si mesmo, pela própria imagem...
    Tire as suas próprias conclusões, mas a minha humilde opinião é que só falta você começar para andar, digamos, seduzido por seus reflexos...

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