20 novembro, 2012

Série Cartas - Da que não precisaria ser escrita


Você vai lembrar de mim quando precisar de um colo para repousar a angústia de dias desumanos, quando você precisar de um abraço carinhosamente sincero para aquecer seu coração. Quando lágrimas embargarem sua voz, meus dedos não estarão lá para contê-las, para enxugar seu rosto enquanto lhe olho com ternura na necessidade de amparar toda sua dor, tomar para mim seus sofrimentos e livra-la de todo mal. Se o medo vier para calar sua coragem, minha mão não estará ao seu lado para oferecer-lhe amparo.
Quando minhas mãos não estiverem ao alcanse dos seus cabelos e você olhar para os lados tentando buscar um afago conhecido, eu habitarei apenas nas lembranças de uma época em que seus cabelos ciumentos tentavam a todo custo impedir nossos lábios de se tocarem. Minhas poesias, as canções que cantamos em dueto em tardes apaixonadas ficarão para a recordação. As declarações de um amor verdadeiro que brotou sem motivo, uma semente que germinou transformando-se em frondosa árvore que não teve tempo de dar frutos.
Na calada da noite seus lençois estarão órfãos do homem que tanto lhe desejou como mulher, que tanto desejou fazer adormecê-la aos beijos ao pé-do-ouvido só para observar a beleza de um anjo adormecido; acorda-la com calorosos abraços, desejando-lhe maravilhosos dias apaixonados. Caminhar de mãos dadas sem medo de ser feliz, abraça-la aos rodopios como se tivessemos subitamente voltado à infância só para sentir o frio na barriga enquanto se gargalha sem receios, sem pudores. Isso infelizmente não ocorrerá mais.
Vou adormecer como sempre fiz, sonhando com uma vida onde a minha se cruza com a sua e somos felizes. Onde beijos apaixonados e olhares cúmplices se entrelaçam com poesias em tardes ensolaradas, onde o amor existe por simplesmente existir, e ser bom. Ser verdadeiramente belo. Onde podemos nos olhar nos olhos sem medos, com a certeza que o amor pode vencer tudo, pois onde há amor de verdade há respeito, há amizade, há carinho, há nós dois.
E vou acordar entristecido, mas ainda te amando, para viver a dura realidade que não precisava assim ser.

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