19 setembro, 2011

Somos nós


Estamos morrendo, dia após dia; nada que façamos poderá reverter este placar injusto.
Nossos galhos são jovens, ainda somos frágeis e indefesos diante das tormentas. Mas somos jovens, e todos os jovens são dotados de uma coragem que parece armadura diante dos perigos impostos pela vida. Mesmo que a ventania teime em nos derrubar, vamos deitar de lado, tirar um cochilo e em poucos instantes estaremos em pé novamente. Mais fortes, mais resistentes. Menos jovens. Menos vivos.
Nossos galhos estão maduros, somos capazes de gerar frutos agora. Uns bons, outros ruins, mas todos ainda são frutos e não conseguem se lançar muito longe de nossos galhos maduros. Nossas folhas brincam de ciranda com a brisa de fim de tarde, nossa frondosa magnitude é percebida à distancia enquanto nos despedimos do sol uma vez mais. A noite cai e com ela a certeza que estamos ainda mais maduros. Menos jovens. Menos vivos.
Nossos galhos estão quebradiços, não suportam mais o velho balanço das crianças. Estamos frageis, enrugados, nossas frutas estão escassas e outros de nós já podemos perceber ao redor de nós: são crias nossas, gerados das sementes dos nossos frutos quando ainda jovens. Estes são jovens, frágeis e indefesos, assim como nós agora. A noite cai, um novo dia nasce mas o sol não retorna como outrora; estamos agora pequenos, jovens, indefesos, frágeis.

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