Em um início de noite, Renato está em sua casa ouvindo música quando, de súbito, seu celular toca. É Sâmara, uma amiga que há dias não via. A voz no telefone sugeria um pouco de solidão, um timbre feminino pedindo para que o rapaz fosse com ela até um fast-food na intenção de conversarem, enquanto degustavam alguma das delícias do restaurante caro. Após alguns minutos de conversa breve, Renato vestiu-se depressa -mantinha o hábito de prostrar-se nu em sua casa- e saiu ao encontro da moça.
Encontraram-se poucos instantes depois, e colocaram-se em caminhada ao fast-food. No meio do caminho Sâmara dizia seus problemas, suas frustrações amorosas e lembrava com intenção desconhecida, embora estranha, da vez que 'ficara' com Renato, meses atrás. Continuaram caminhando. Indo de encontro com o desejo da moça, Renato sacou de seu bolso um cigarro e fez o ar tomar um tom acinzentado, com o típico odor dos componentes do tabaco. Sâmara protestou, mas em vão. Tomaram o outro lado da rua quando estavam se aproximando do restaurante, enquanto Renato alternava as palavras com as tragadas do cigarro.
Logo mais, passaram diante de um ponto-de-ônibus e uma jovem desconhecida abordou Renato. Perguntando-lhe se tinha fogo, invadiu o mundo acinzentado do rapaz apressado que passava pelo local. Cordialmente ele respondeu que sim e emprestou o isqueiro. A jovem moça agradeceu e permaneceu sentada, inerte, fumando seu cigarro com um prazer incomum. Renato olhou para trás enquanto se distanciava daquela desconhecida que, por algum motivo, mexera com ele. Mais alguns metros, chegaram ao destino.
Seu nome é Bruna, e está há horas aguardando o ônibus para voltar embora. A distância de onde está e sua casa lhe permitem caminhar, voltar embora sem o transporte coletivo, mas, por cansaço, capricho, segurança, prefere esperar o ônibus. Os carros passam, os ônibus passam, as pessoas passam; ela permanece. A agonia da demora e a falta de cigarro -sim, ela já havia fumado o último e estava, agora, sem cigarro, sem ponto de compra dado o horário, cansada- a deixam impaciente nervosa. Os minutos passam, e ela permanece...
Renato sai do fast-food morto de vontade de voltar embora. Sâmara alega que precisará esperar um ônibus para ir a casa de uma amiga, entregar-lhe um dinheiro; então caminham ao ponto-de-ônibus e aguardam o fatídico ônibus que demora, também, a passar. Bruna permanece sentada na parte de trás do ponto. Passados muitos minutos, alguns cigarros, muitas reprimendas de Sâmara ao Renato pela excessiva fumaça, enfim chega o ônibus da moça. Sâmara se despede e parte. Renato, bastante exausto, senta e percebe, de relance, que a desconhecida do fogo está ainda no ponto, agoniada, em pé quase que rezando para que seu ônibus chegue logo.
Bruna caminha na direção de Renato, como uma gata que chega sem ser notada e abocanha o novelo de lã. Antes pedira fogo, agora um cigarro. Renato, que a fitava a distância sem a moça saber, não nega o pedido, e, bem humorado, inicia uma conversa trivial, assuntos de praxe.
A conversa se desenvolve naturalmente como se ambos se conhecessem há muito; Renato tomando cuidado com suas palavras para não parecer um idiota - algo corriqueiro a ele-, Bruna prestando atenção neste rapaz também desconhecido e nos ônibus que passavam. Nenhum era o dela. Passados alguns instantes, um grupo de amigos de Bruna aparecem. Cumprimentam-se, cumprimentam Renato e, um deles, com a voz e feição engraçados, indaga se estavam namorando. Um perfeito embaraço se forma no grupo de jovens e Renato, sem poder escolher, sente seu pescoço e rosto arder, esquentar. Ficara vermelho com uma pergunta normal, embora bastante indiscreta.
A agitação chega e carrega o grupo de rapazes e moças que conversavam com Bruna, deixando Renato e ela a sós novamente. O papo estava gostoso, bastante descontraído e Renato, sempre tímido, contando os minutos para, enfim, fazer uma pergunta sutil, comum, normal: "Qual seu telefone?". Quando estava quase para perguntar, a moça levantou-se rapidamente e disse ser a sua condução, precisava ir embora. Despediram-se com um beijo no rosto e Bruna, com sua mochila, esperava os demais adentrarem no ônibus. Renato pensou em ir atrás, para conversarem um pouco mais, mas não foi. Algo o segurava. Permaneceu sentado, acendeu um cigarro, e pensou aquela desconhecida que, por algum motivo, mexera com ele naquela noite.
Encontraram-se poucos instantes depois, e colocaram-se em caminhada ao fast-food. No meio do caminho Sâmara dizia seus problemas, suas frustrações amorosas e lembrava com intenção desconhecida, embora estranha, da vez que 'ficara' com Renato, meses atrás. Continuaram caminhando. Indo de encontro com o desejo da moça, Renato sacou de seu bolso um cigarro e fez o ar tomar um tom acinzentado, com o típico odor dos componentes do tabaco. Sâmara protestou, mas em vão. Tomaram o outro lado da rua quando estavam se aproximando do restaurante, enquanto Renato alternava as palavras com as tragadas do cigarro.
Logo mais, passaram diante de um ponto-de-ônibus e uma jovem desconhecida abordou Renato. Perguntando-lhe se tinha fogo, invadiu o mundo acinzentado do rapaz apressado que passava pelo local. Cordialmente ele respondeu que sim e emprestou o isqueiro. A jovem moça agradeceu e permaneceu sentada, inerte, fumando seu cigarro com um prazer incomum. Renato olhou para trás enquanto se distanciava daquela desconhecida que, por algum motivo, mexera com ele. Mais alguns metros, chegaram ao destino.
Seu nome é Bruna, e está há horas aguardando o ônibus para voltar embora. A distância de onde está e sua casa lhe permitem caminhar, voltar embora sem o transporte coletivo, mas, por cansaço, capricho, segurança, prefere esperar o ônibus. Os carros passam, os ônibus passam, as pessoas passam; ela permanece. A agonia da demora e a falta de cigarro -sim, ela já havia fumado o último e estava, agora, sem cigarro, sem ponto de compra dado o horário, cansada- a deixam impaciente nervosa. Os minutos passam, e ela permanece...
Renato sai do fast-food morto de vontade de voltar embora. Sâmara alega que precisará esperar um ônibus para ir a casa de uma amiga, entregar-lhe um dinheiro; então caminham ao ponto-de-ônibus e aguardam o fatídico ônibus que demora, também, a passar. Bruna permanece sentada na parte de trás do ponto. Passados muitos minutos, alguns cigarros, muitas reprimendas de Sâmara ao Renato pela excessiva fumaça, enfim chega o ônibus da moça. Sâmara se despede e parte. Renato, bastante exausto, senta e percebe, de relance, que a desconhecida do fogo está ainda no ponto, agoniada, em pé quase que rezando para que seu ônibus chegue logo.
Bruna caminha na direção de Renato, como uma gata que chega sem ser notada e abocanha o novelo de lã. Antes pedira fogo, agora um cigarro. Renato, que a fitava a distância sem a moça saber, não nega o pedido, e, bem humorado, inicia uma conversa trivial, assuntos de praxe.
A conversa se desenvolve naturalmente como se ambos se conhecessem há muito; Renato tomando cuidado com suas palavras para não parecer um idiota - algo corriqueiro a ele-, Bruna prestando atenção neste rapaz também desconhecido e nos ônibus que passavam. Nenhum era o dela. Passados alguns instantes, um grupo de amigos de Bruna aparecem. Cumprimentam-se, cumprimentam Renato e, um deles, com a voz e feição engraçados, indaga se estavam namorando. Um perfeito embaraço se forma no grupo de jovens e Renato, sem poder escolher, sente seu pescoço e rosto arder, esquentar. Ficara vermelho com uma pergunta normal, embora bastante indiscreta.
A agitação chega e carrega o grupo de rapazes e moças que conversavam com Bruna, deixando Renato e ela a sós novamente. O papo estava gostoso, bastante descontraído e Renato, sempre tímido, contando os minutos para, enfim, fazer uma pergunta sutil, comum, normal: "Qual seu telefone?". Quando estava quase para perguntar, a moça levantou-se rapidamente e disse ser a sua condução, precisava ir embora. Despediram-se com um beijo no rosto e Bruna, com sua mochila, esperava os demais adentrarem no ônibus. Renato pensou em ir atrás, para conversarem um pouco mais, mas não foi. Algo o segurava. Permaneceu sentado, acendeu um cigarro, e pensou aquela desconhecida que, por algum motivo, mexera com ele naquela noite.